“Bati de novo, com um pouco mais de força. Desta vez ouvi ruído de gente, no interior, e depois uma voz a perguntar quem era, junto da porta, ao mesmo tempo que o puxador girava. Empurrei a porta e entrei às cegas na sala às escuras. Caí direitinho nos braços dela e senti-a nua debaixo do roupão meio aberto. Devia ter acordado de um sono profundo s só vagamente teria consciência de quem a abraçava. Quando compreendeu que era eu, tentou libertar-se, mas eu apertei-a e comecei a beijá-la apaixonadamente e ao mesmo tempo a empurrá-la, de costas, para o sofá que estava perto da janela.
Murmurou qualquer coisa acerca da porta aberta, mas eu não quis correr o risco de a deixar safar-se-me dos braços. Por isso, fiz um pequeno desvio e, pouco a pouco, empurrei-a para a porta, obrigando-a a fechá-la com o cu. Dei a volta à chave, com a mão livre, conduzi-a para o meio da sala e, com a mesma mão livre, desabotoei a braguilha e pus a picha em posição. A rapariga estava tão bêbada de sono que era como entreter-me com um autómato. No entanto, percebi que lhe agradava a ideia de ser fodida meio a dormir. O pior é que cada vez que eu mergulhava, ela acordava mais um bocadinho. E à medida que ficava mais consciente ficava também mais assustada. Era difícil saber como adormecê-la de novo sem perder uma boa foda.
Consegui atirá-la para cima do sofá sem perder terreno, enquanto ela se tornava cada vez mais desejosa e começava a torcer-se e a contorcer-se como uma enguia. Não creio que tivesse aberto os olhos uma única vez, desde que começara a agarrá-la. Dizia a mim mesmo, repetidamente: «Uma foda egípcia… uma foda egípcia…», e, para não me vir imediatamente, comecei a pensar no cadáver que Mónica trouxera consigo para a Grand Central Station e nos trinta cêntimos que deixara a Pauline, na auto-estrada.
De súbito, zás! Batem à porta, com força, ela arregala os olhos e fita-me cheia de terror. Comecei a tirar-me rapidamente, mas, para minha surpresa, prendeu-me e segredou-me ao ouvido: «Não te mexas! Espera!» Bateram de novo e a seguir ouvi a voz de Kronski dizer: «Sou eu Thelma… sou eu Izzy.» Quase rebentei a rir.
Recaímos numa posição natural e, como ela fechasse de novo os olhos, movimentei-me dentro dela devagarinho, para não a reacordar. Foi uma das fodas mais maravilhosas da minha vida. Parecia que ia durar eternamente.”
Trópico de Capricórnio – Henry Miller