Por isso quando abri os olhos sorri, e puxei-te para mim e beijei tua boca onde senti o tempero do meu corpo. E segredei no búzio do teu ouvido palavras de tesão, de entusiasmo, de provocação.
- Nem sabes o que te vou fazer agora minha sultana do deserto…
E tu sorrias e replicavas, dengosa, quente, excitante…
-Eu já o fiz primeiro meu sultão, e ainda não acabei…

Beijei-te o cetim das pálpebras, mordisquei-te o lóbulo da orelha enquanto te murmurava ao ouvido palavras provocantes e te metia a língua... Depois as nossas bocas colaram-se como lapas às rochas. Chupei teus lábios de amora, nossas línguas enrolaram-se quais tentáculos…
As mãos, essas percorriam teu corpo de seda, uma mão deslizava até apanhar o teu sexo na concha da palma. E um dedo atrevido entreabria os lábios da tua cona, já húmida à espera das carícias…

Entretanto a boca, dentes e língua preparados, partiam para uma romaria de beijos, leves mordidelas e carícias por esse teu corpo de vales e colinas. A boca subiu as colinas de teus seios, beijou-os, sugou-os. A língua em constantes movimentos lambia-os a provar o néctar, os mamilos empinados à espera de serem lambidos, aspirados, sugados. E havia os teus gemidos a incitarem, a incitarem…
-Fode-me – suplicavas tu, enquanto eu te torturava com a demora.

E as mãos a acariciarem as tuas coxas, a entreabrirem as pernas, a aplainarem o caminho…
Caminho que a língua sabia que iria percorrer, caminho que tu desejavas que eu percorresse, caminho que demorava em iniciar, a criar mais expectativa, mais excitação…

Das colinas desci para o arredondado do ventre, levemente doirado pelo sol do deserto, uma ligeira penugem que levava ao abismo… E os flancos do teu corpo… lambidos a provocarem cócegas… Sei que sempre te arqueias um pouco quando te acaricio assim. Como se quisesses que a minha cabeça ficasse mais próxima do poço…
Mas há ainda o caracol do umbigo, há ainda a língua género saca-rolhas a querer ir mais fundo. E depois…

Depois é a descida suave pelo monte-de-vénus e uma primeira investida passageira pelo teu sexo, já louco. Uma primeira passagem pelos lábios abertos, ávidos da água das carícias, uma distribuição de beijos pelo interior das coxas que se abrem ainda mais, e finalmente a volta à boca do túnel, à fonte da vida, ao aveludado desses interiores onde a minha língua se atira como um explorador ávido de ir mais longe. Língua, lábios, boca toda, até o nariz, tudo está ali a satisfazerem-me, satisfazendo-te. “O meu prazer é o teu”, e a tua cona completamente molhada e os teus gemidos são incitamentos para ir mais e mais longe. E vou. E volto à tona e aí são os lábios que tomam conta desse clítoris de mel, congestionado com tanta excitação. E é sugado, lambido, aspirado até soltares gritos que espantam a aridez do próprio deserto. É uma maldade, avisei-te minha sultana… Mas há o reverso da medalha. Ao excitar-te dessa maneira, excitei-me muito. Também me é quase impossível continuar neste jogo e então levanto-me um pouco, avanço para cima de ti, forno pronto a receber o pau duro de tesão, e penetro-te. Tudo preparado de ambos os lados. Tudo fácil. E conjugando ambos os movimentos, ritmo certo, primeiro devagar depois acelerando um pouco, tomo conta da caverna, do reduto, do castelo. Assim por inteiro. Mas tu não estás passiva, as tuas pernas ergueram-se agarram-se às minhas, querem comer-me como uma planta carnívora se fecha sobre o insecto que querem devorar.

Mas quem se devora somos nós, as línguas novamente enroladas como as pernas, os dois corpos feitos um e um só, tu a vibrares uma e outra vez, eu a incitar-te até que, olhos nos olhos dizemos que os corpos suados pedem a explosão final, a explosão ansiada, atómica, ali no meio do deserto que acorda com os gritos e gemidos de quem, como nós, chegou ao fim da romaria, cansados, suados, viscosos mas prontos a recomeçar uma e outra vez até cairmos para o lado cansados mas satisfeitos por agora, mas sabendo que ainda vamos ter muito caminho pela frente.

As últimas carícias, os beijos a sorverem as pingas de suor, destilação do amor, a tua cabeça no meu peito e os meus dedos no teu cabelo e promessas. Promessas de que outros passeios são possíveis por esse teu corpo sempre sedento, corpo que dás e recuperas, num vai e vem que só acabará quando a travessia deste deserto acabar.
E sem dar conta adormecemos…
Atrás dum dia outro virá e nas dobras da noite tantos momentos de amor por desbravar…
Desbravá-los-emos com certeza.
João Ratão